A acrescentar aos veículos elétricos (com a pickup Cybertruck a ser o próximo modelo a lançar), aos telhados solares, aos supercarregadores, às Gigafactories, às aeronaves SpaceX e ao meio de transporte Hyperloop, Elon Musk revelou agora o seu novo projeto, no evento Tesla’s AI Day: o Tesla Bot.
Trata-se de um robot humanoide de cerca de 57 kg de peso e à volta de 1,72 metros de altura que o empreendedor e visionário pretende lançar algures no próximo ano.
E para as pessoas que, como ele, cresceram a ler e ver ficção científica, Musk fez, desde já, o possível para afastar possíveis receios que este projeto pudesse suscitar nos espíritos mais duvidosos do progresso tecnológico e crentes em cenários cinematográficos de hipotéticos robots assassinos em marcha.

Mostrando-se ciente dos perigos da Inteligência Artificial e para garantir que este seu novo empreendimento não será perigoso, Musk disse que os engenheiros que estão envolvidos neste Tesla Bot estão a configurá-lo “a um nível mecânico e a um nível físico, de modo a que se possa fugir dele e muito provavelmente dominá-lo”.
Para que vai servir?
O Tesla Bot destina-se a automatizar tarefas repetitivas, criando um futuro no qual o trabalho físico será uma escolha, não um dever.
Eventualmente, terá implicações na força de trabalho e no emprego, como o próprio Musk reconheceu, pelo que poderia fazer nascer a necessidade de existência de alguma forma de Rendimento de Cidadania (Universal Basic Income – UBI) para compensar eventuais supressões de postos de trabalho por via da tecnologia.

Musk adianta que este robot humanoide será capaz de realizar tarefas extremamente complexas e desafiadoras – para um robot – como obedecer a uma ordem para agarrar num parafuso e colocá-lo numa máquina com uma chave inglesa.
Por que uma forma humana?
Um dos aspetos inovadores deste Tesla Bot é o facto de apresentar uma figura humanoide, mais próximo de um ser humano do que os robots da Boston Dynamics, em particular o Atlas, que, com os seus 150 kg e 1,80 metros, foi criado em 2013.
Nesse capítulo, o Tesla Bot assume semelhanças com os robots de “I, Robot”, filme protagonizado por Will Smith, realizado por Alex Proyas e lançado em 2004, cuja ação se passa no ano de 2035 com os robots a existirem, justamente, para servir os humanos. Tal como o projeto idealizado por Musk.

O intuito de adotar a forma humanoide é tornar este robot amigável e com capacidade para circular por um mundo construído por humanos e para humanos.
E considerando as suas capacidades de carga (de levantar 68 kg, de carregar 20 kg e de suportar 4,5 kg com os braços estendidos), este bípede Tesla Bot nunca será uma ameaça militar ou industrial, até pela sua velocidade máxima de circulação de apenas 8 km/h. Ou seja, um humano será capaz de sair do caminho de um robot se algo ocorrer mal com um Tesla Bot.
Este amigo feito com circuitos e I.A. terá mãos estilo humanas, um ecrã no “rosto” para informações úteis e 40 atuadores eletromecânicos: 12 nos braços, dois no pescoço e no tronco, 12 nas pernas e 12 nas mãos.
Elon Musk diz que, no futuro, o trabalho físico será uma escolha – as pessoas não irão precisar de o fazer.
Musk considerou este Tesla Bot um passo lógico considerando o caráter inovador do fabricante Tesla.
“A Tesla é indiscutivelmente a maior empresa de robótica do mundo, porque os nossos automóveis são robots semi-sencientes sobre rodas”, apontou Musk. “Com o computador de bordo totalmente autónomo, o sistema de Inteligência Artificial do veículo – que vamos continuar a desenvolver –, as redes neurais a reconhecerem e a compreenderem como se comportarem no mundo… faz sentido colocar este robot numa forma humanoide”.
O Tesla Bot recorrerá ao supercomputador Dojo da Tesla (com capacidade de desempenho de exaflops), responsável pela condução autónoma da Tesla, às câmaras de Autopilot presentes nos modelos elétricos da marca e a outro conjunto completo de ferramentas de I.A. utilizados pela empresa: planeamento da rede neural, reconhecimento automático de objetos, capacidade de simulação entre outras funcionalidades.

Um dos aspetos que, por enquanto, ainda não foi revelado prende-se com a autonomia do humanoide e do número de horas que um Tesla Bot pode operar entre recarregamentos.
Feito este anúncio será interessante perceber como irão reagir os investidores da Tesla e se concordam que esse é o próximo passo lógico da Tesla. Musk está, claramente, convicto que esse é o caminho a percorrer, prometendo no evento de I.A. do fabricante que “o bot da Tesla será real”. O visionário empresário diz que “provavelmente teremos um protótipo no próximo ano”.
Se é um facto que, por um lado, este cronograma não é isento de incerteza, por outro lado, não é inteligente subestimar a inovação e as capacidades da empresa, nem o impulso de Musk para criar novas tecnologias e realidades revolucionárias.