Será a prata um investimento interessante?

A prata está a registar valores acima da média dos últimos anos, apanhando boleia da valorização do ouro, e também porque se regista uma escassez significativa desde 2021, revela Vítor Madeira, analista da plataforma de investimento XTB. Apesar de não gerar retornos potencialmente elevados, estes fatores tornam a prata num ativo interessante para diversificar as…
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O preço da prata está longe dos valores históricos, o que a torna um ativo importante para diversificar carteiras de investimentos, apesar de não se esperarem retornos potencialmente elevados.
Economia

A prata está a registar valores acima da média dos últimos anos, apanhando boleia da valorização do ouro, e também porque se regista uma escassez significativa desde 2021, revela Vítor Madeira, analista da plataforma de investimento XTB. Apesar de não gerar retornos potencialmente elevados, estes fatores tornam a prata num ativo interessante para diversificar as carteiras de investimento.

Apesar de nos últimos meses o ouro tenha atingido um máximo histórico de 2.100 dólares por onça (cerca de 19.40 euros), o mercado não tem registado uma grande euforia por metais preciosos, como o paládio e a platina, que não valorizaram aquilo que os especialistas antecipavam. Os investidores questionam agora porque a prata se mantém ainda muito abaixo dos seus pico máximo – negoceia a cerca de 22 dólares a onça -, e se será possível acompanhar o ouro nesta sua subida.

“Atualmente temos de pagar cerca de 90 onças de prata por uma onça de ouro. Historicamente, o rácio entre a prata e o ouro é ligeiramente superior a 50, e nos últimos 10 anos tem sido de cerca de 80″, diz Vitor Madeira, analista da XTB.

Sabe-se que existe sete vezes mais prata do que ouro no subsolo, não sendo por isso de estranhar que seja mais barata, como ressalva Vítor Madeira. “Atualmente temos de pagar cerca de 90 onças de prata por uma onça de ouro. Historicamente, o rácio entre a prata e o ouro é ligeiramente superior a 50, e nos últimos 10 anos tem sido de cerca de 80. Isto significa que, mantendo o rácio da média dos últimos 10 anos e com o preço do ouro a 2 mil dólares, a prata deveria custar exatamente 25 dólares, o que é um pouco mais do que custa agora”, refere este especialista. Diz ainda que se o rácio do preço histórico fosse mantido, então a prata deveria custar cerca de 37 dólares a onça. “Isto é ainda inferior aos máximos históricos da prata de cerca de 50 dólares por onça, mas cerca de 60% superior ao preço atual”, diz.

Défice no mercado a partir de 2021

Se entre 2010 e 2020 se assistiu a uma quantidade razoável de oferta de prata no mercado, a partir de 2021 o mercado entrou em défice, sobretudo devido ao aumento da procura industrial. “Cerca de 50% de toda a procura global de prata vem da indústria (para 2023, a procura de prata é de cerca de 35.000 toneladas ou cerca de 1,1 milhão de onças), e a categoria de crescimento mais forte é a fotovoltaica”, explica Vitor Madeira. Ou seja, dada a transição energética, é de esperar um crescimento ainda maior nesta procura. Mas, além disto, a oferta de prata no mercado tem-se mantido constante nos últimos anos com um pouco mais de 1 milhão de onças, e tendo em conta os fatores económicos incertos, não devemos esperar um grande aumento na produção. “Olhando para o equilíbrio entre oferta e procura, vimos um défice crescente desde 2021 e espera-se que a vantagem da oferta e da procura continue também este ano. Apesar disso, o preço da prata está estagnado há mais de três anos”, explica o analista.

“A próxima redução das taxas de juro nos EUA também não deve ser esquecida. Taxas de juro mais baixas tornarão as obrigações menos atrativas e aumentarão as perspetivas de subida dos metais preciosos”, diz Vítor Madeira.

Segundo dados do último relatório do United States Geological Survey (USGS) existe aumento significativo nas reservas de prata descobertas no solo. Para 2023, esperava-se que as reservas aumentassem de 550 mil toneladas para 720 mil toneladas, sendo a Rússia e a Polónia os dois maiores responsáveis pelos aumentos de reservas. A Polónia ultrapassou o Peru e é o maior detentor de prata no mundo, mas está muito atrasada em termos de produção de prata. Porém, apesar do claro espaço para aumentar a extração de prata a nível mundial, faltam ainda grandes investimentos para satisfazer todo o potencial.

Ou seja, a prata, tal como o ouro, oferece uma oportunidade para diversificar carteiras de investimento. Normalmente, os metais preciosos comportam-se de forma ligeiramente diferente do mercado de ações, razão pela qual são frequentemente referidos como ativos de refúgio. “A próxima redução das taxas de juro nos EUA também não deve ser esquecida. Taxas de juro mais baixas tornarão as obrigações menos atrativas e aumentarão as perspetivas de subida dos metais preciosos. Dado o preço ainda relativamente baixo da prata em relação ao ouro e longe dos seus máximos históricos, a prata pode ainda parecer um investimento atrativo a longo prazo”, revela o analista da XTB. As oportunidades de investimento em prata são numerosas, através de moedas e barras físicas, através de contratos de futuros e ETF.

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