O gestor português Carlos Tavares está ligado à indústria automóvel há vários anos e a sua já longa carreira tem sido reconhecida no setor, com vários prémios a nível mundial. Está, desde janeiro de 2021, à frente do recém-criado grupo Stellantis, que surgiu da fusão do Grupo PSA e o grupo Fiat Chrysler e que deu origem a um gigante mundial que acumula 14 marcas automóveis. Considerado um dos melhores gestores do mundo automóvel, Carlos Tavares recebeu da empresa, em 2023, qualquer coisa como 36,5 milhões de euros, mais 56% do que auferiu no anterior, graças aos resultados que apresentou no ano transato.
Nos primeiros seis meses do ano, o Grupo Stellantis reportou uma quebra de 48% do lucro, que caiu para os 5,6 mil milhões de euros, muito em parte devido ao mercado norte-americano.
Porém, o exercício deste ano não está a correr de feição para o executivo e os mercados não perdoam falhas. O Grupo Stellantis apresentou resultados muito aquém das expectativas no primeiro semestre deste ano, e volta a falhar com os resultados trimestrais ontem apresentados. Nos primeiros seis meses do ano, o grupo reportou uma quebra de 48% do lucro, que caiu para os 5,6 mil milhões de euros, muito em parte devido ao mercado norte-americano, um dos maiores da companhia, que representa quase metade dos lucros, seguindo uma queda das ações em bolsa.
Carlos Tavares, que termina o seu mandato em 2026, deu já conhecimento aos mercados que não está a pensar sair antes de completar o mesmo. É sobretudo o mercado norte americano que está a dar de cabeça ao gestor português. Já no ano passado a empresa tinha registado quebras neste território e anunciara uma reorientação estratégica que se revelou agora estar a ser infrutífera.

As vendas nos Estados Unidos caíram a pique no terceiro trimestre – cerca de 19,5% em termos homólogos -, pela quinta vez consecutiva, e o excesso de stock nos concessionários parece estar a pôr o gestor no centro do conflito. Segundo os jornais norte-americanos, a quebra das vendas foi liderada pela Chrysler e pela Dodge, que caíram mais de 40% neste último trimestre. À exceção da Fiat, todas as outras marcas do grupo registaram queda de vendas.
Carlos Tavares: Concessionários americanos atolados em stocks
Os concessionários estão atolados em stocks e os mesmos acusam o líder de ter provocado a atual situação , tornando o português quase persona non grata naquele país. É que desde 2021 que a Stellantis tem descontinuado veículos pequenos no mercado norte-americano, concentrando-se nos maiores e mais caros, mas a procura mudou e os clientes pretendem agora veículos mais pequenos e mais baratos. A empresa também se está a preparar para lançar veículos elétricos, quando o mercado ainda prefere os híbridos.
Numa carta aberta, os concessionários norte-americanos da Stellantis acusam Carlos Tavares de ser “arrogante” e de priorizar as metas de lucro a curto prazo em detrimento da sustentabilidade do negócio. O grupo aumentou os preços nos Estados Unidos mais do que a sua concorrência, o que numa fase de juros altos, prejudicou as vendas das suas marcas.
Estará o português a falhar completamente a sua estratégia, ou os desafios do mercado não estão a ir de encontro aos planos do gigante mundial?