Pode ser o homem mais rico do mundo, mas nem assim fica imune aos dias mais negros. Elon Musk, o primeiro homem no planeta a ultrapassar uma fortuna avaliada em mais de 430 mil milhões de dólares, (qualquer coisa como 395 mil milhões de euros) vive dias difíceis. E admitiu, na passada quinta-feira, estar sobrecarregado. “Neste momento, tenho cerca de 17 empregos”, desabafou.
A semana não foi fácil. Depois de as ações da Tesla estarem a cair cerca de 51% face ao seu recorde de dezembro último, Elon Musk convocou os seus funcionários para uma reunião geral via streaming, na passada quinta-feira, e assumiu que a empresa estava a atravessar uma tempestade e que as ações sobem e descem, mas a Tesla é a mesma de sempre, apesar das notícias que fazem parecer que se está a instalar um “Armageddon”. E pede aos seus funcionários para segurarem as suas ações, numa tentativa de ajudarem a recuperação da companhia.
Elon Musk tem de voltar a concentrar a sua atenção na liderança da Tesla, pois o tempo que dedica ao DOGE está a tira-lhe o foco na maior empresa americana de veículos elétricos.
Os analistas já avisaram: Elon Musk precisa voltar a concentrar a sua atenção na Tesla e não dar 110% do seu tempo à Casa Branca, como líder do DOGE – Department of Government Efficiency. Segundo o analista Dan Ives, da Wedbush, citado pela Forbes Internacional, esta associação com o governo de Trump transformou a Tesla num símbolo político, o que é mau para a empresa. Por isso aconselha Elon Musk a dar um passo em frente, assumir o controlo da Tesla e ajudar a resolver a crise.
Apesar de ter perdido valor acionista, na Tesla, Elon Musk continua a ser o homem mais rico do mundo, com uma fortuna calculada em 334,5 mil milhões de dólares (308 mil milhões de euros) cerca de 120 mil milhões de dólares acima do segundo classificado no ranking da Forbes Internacional, Jeff Bezos, co-fundador da Amazon. Mas, pela primeira vez, nos últimos seis anos, o seu maior ativo já não é a Tesla, mas sim a Spacex.
CyberTruck, mais uma dor de cabeça no horizonte
Como se não bastassem as notícias de que as vendas da Tesla estão a ser prejudicadas com a associação do seu fundador a Donald Trump – as vendas caíram cerca de 50% na Alemanha, e sofreram outras quebras em vários outros mercados -, o SUV CyberTruck está a dar-lhe algumas dores de cabeça.
A marca mandou recolher, esta semana, todos os 46 mil Cybertrucks que vendeu nos Estados Unidos devido a problemas nos painéis de aço inoxidável. Já anteriormente tinha anunciado recolher 4 mil veículos com problemas no acelerador. Agora, devido a mais de 150 reclamações surgidas devido ao defeito nos painéis, a maca não quis arriscar e solicitou a todos os proprietários das unidades produzidas entre novembro de 2023 e 27 de fevereiro de 2024 que se dirigissem a um concessionário da marca para avaliação. Não quer dizer que todos tenham defeito, mas a marca prefere não arriscar a segurança dos condutores, motivando o chamado recall.
A Tesla mandou recolher, esta semana, todos os 46 mil Cybertrucks que vendeu nos Estados Unidos devido a problemas nos painéis de aço inoxidável.
Seja como for, este revés afeta a credibilidade da marca, e pode até ser usado pelos «haters» de Elon Musk para incitar ainda mais boicotes à Tesla. Várias são as manifestações a decorrer um pouco por todo o mundo, nomeadamente na Europa e nos Estados Unidos, para boicotar as vendas da marca de veículos elétricos, sobretudo após a suposta saudação nazi de Elon Musk. Em Portugal, por exemplo, além das manifestações, houve quem anunciasse ir vender o seu carro – como foi o caso de João Manzarra – por não concordar com as ideologias do seu fundador.