Turismo: Se os Estados Unidos perderem poder de compra, será que Portugal vai perder turistas norte-americanos?

Em 2024, os turistas oriundos dos Estados Unidos deixaram em Portugal cerca de 2,86 mil milhões de euros, ocupando o terceiro lugar das nações que mais contribuíram para as receitas turísticas nacionais, remetendo para quarto lugar os espanhóis. O montante total de receitas turísticas o ano passado atingiu os 27,7 mil milhões de euros, com…
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Os operadores turísticos mostram-se receosos com o possível impacto da guerra comercial no poder de compra dos norte-americanos. Este possível cenário poderá trazer menos receitas turísticas a Portugal, já que os norte-americanos são já o quarto povo que mais gasta no nosso território.
Economia

Em 2024, os turistas oriundos dos Estados Unidos deixaram em Portugal cerca de 2,86 mil milhões de euros, ocupando o terceiro lugar das nações que mais contribuíram para as receitas turísticas nacionais, remetendo para quarto lugar os espanhóis. O montante total de receitas turísticas o ano passado atingiu os 27,7 mil milhões de euros, com os turistas do Reino Unido à cabeça, seguidos dos da França e da Alemanha.

Os norte-americanos têm vindo, aos poucos, a conquistar terreno no turismo nacional e a instalarem-se, muitos deles, no nosso país. Segundo um estudo do portal imobiliário Idealista, muitos norte-americanos estão a procurar casa em Portugal, informação também corroborada pela administradora da Ei! Assessoria Migratória, Gilda Pereira, em declarações à Lusa. A mesma especialista disse, em janeiro último que muitos norte-americanos quererem sair do seu país e Portugal tem argumentos muito fortes para atrair este tipo de público. “Em 2017, após a primeira eleição de Trump, começaram a vir os primeiros americanos. Aliás, no dia em que ele ganhou as eleições a nossa caixa de entrada ficou entupida” de pedidos de informações, afirmou, na altura, esta responsável.

Também a plataforma Moviin, startup que apoia expatriados na mudança de vida, instalando-se em Portugal, fundada por James Muscat, mostra que 80% dos seus clientes são norte americanos e que nos últimos meses a procura por parte dos norte americanos representou um incrível crescimento de 900%.

Operadores turísticos mostram alguma preocupação

Não é por isso de estranhar que os operadores turísticos mostrem alguma preocupação com a situação das tarifas comerciais, que podem conduzir a uma recessão no mercado norte-americano, ou pelo menos a um desacelera do crescimento económico do país.

Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), disse ontem numa reunião com o ministro da Economia, Pedro Reis, que está a temer que a crise das tarifas comerciais afetem o poder de compra dos norte-americanos e por consequência o turismo em Portugal. “Tememos que, se não houver razoabilidade no meio disto […] possa acarretar uma crise, quer para o mercado americano, para as suas pessoas, e falta de poder de compra é diminuir o consumo”, disse o presidente no final de uma reunião, citado pela agência Lusa.

Francisco Calheiros, presidente da CTP, teme que a crise das tarifas comerciais afetem o poder de compra dos norte-americanos e por consequência o turismo em Portugal. 

Embora este responsável adianta não ter nota de qualquer redução no que toca às previsões para este ano relativamente ao mercado americano, sendo que este é um mercado “com grande poder de compra e é um mercado que fica mais pernoitas do que é normal”. “As nossas exportações são as importações dos turistas, nós não exportamos vinho, cortiças, peças de automóveis, portanto nesta fase não estamos, digamos assim, abrangidos por este aumento de tarifas”, afirmou ainda o presidente da confederação.

Agências de viagem receiam inflação

Por outro lado, as agências de viagens também mostram preocupação neste sentido. O presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), Pedro Costa Ferreira, disse à Lusa que receia que a inflação e eventual recessão nos Estados Unidos, na sequência das tarifas comerciais, travem o crescimento daquele importante mercado no país. “A espetacular dinâmica recente do mercado emissor americano para o nosso país, deve provocar-nos preocupação acrescida: inflação e eventual recessão no final do ano, nos EUA, trariam certamente alguma espécie de travão ao crescimento deste mercado, que se tem revelado tão importante junto de Portugal”, disse à agência nacional.

Com novas rotas, a TAP vai alcançar um recorde histórico de 101 voos por semana para a América do Norte (Estados Unidos da América e Canadá).

Por outro lado, a TAP, mostra-se confiante no sucesso das rotas que opera nos Estados Unidos, enquanto a norte-americana United Airlines referiu um desempenho dos serviços em Portugal em linha com as expectativas. Questionada pela Lusa, a TAP, que tem nos Estados Unidos um dos seus principias mercados, disse continuar “confiante no sucesso das rotas que opera” para o país “e a melhor prova dessa confiança é que vai iniciar nos próximos três meses, três novas rotas, a saber, Lisboa/Los Angeles, Porto/Boston e Terceira/São Francisco”. Com estas novas rotas, a TAP vai alcançar um recorde histórico de 101 voos por semana para a América do Norte (Estados Unidos da América e Canadá).

(Com Lusa)

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