A próxima aventura em banda desenhada de Astérix e Obélix levará estas duas personagens pela primeira vez à Lusitânia, território que é hoje Portugal, e o livro sai a 23 de outubro, revelou hoje a imprensa francesa.
Este será o 41.º álbum de uma das mais conhecidas e vendidas séries de banda desenhada, originalmente assinadas por René Goscinny e Albert Uderzo e que atualmente tem continuidade com os autores FabCaro (argumento) e Didider Conrad (desenho).
Pela primeira vez, a história – passada no tempo dos romanos – colocará os dois intrépidos gauleses na antiga Lusitânia e fará várias referências à História, à cultura e “aos arquétipos” de Portugal, como contou o argumentista FabCaro citado pela rádio RTL.
Na imprensa francesa foi divulgada uma capa provisória do novo álbum, intitulado “Astérix en Lusitanie”, com a dupla de personagens a pisar uma típica calçada portuguesa.
Em dezembro passado, a editora Éditions Albert René já tinha anunciado que, no 41.º álbum, Astérix e Obélix sairiam da irredutível aldeia gaulesa para uma viagem.
“Procurei um destino onde os nossos amigos nunca estiveram, mas também um sítio onde eu quisesse mergulhar enquanto escrevia”, afirmou, na altura, o argumentista FabCaro citado pela editora.
No mesmo comunicado da editora, que anuncia a edição do álbum a 23 de outubro em simultâneo, o desenhador Didier Conrad disse que o local escolhido o inspirou muito para desenhar.
Ao Le Soir, o embaixador de Portugal em França, José Augusto Duarte, disse que “tal como os gauleses, os corajosos lusitanos, comandados pelo bravo Viriato, lutaram contra o império romano, defendendo os seus valores, tradições e liberdade. A aliança com Astérix e Obélix nesta luta é bem-vinda”.
Em Portugal, as histórias de Astérix e Obélix são publicadas pelo grupo LeYa que, em janeiro passado, tinha já anunciado que o novo álbum sairia a 23 de outubro.
René Goscinny e Albert Uderzo deram a conhecer o universo de Astérix a 29 de outubro de 1959, nas páginas da revista francesa Pilote, e a parceria durou até 1977, ano da morte do argumentista.
O primeiro volume, intitulado “Astérix, o gaulês” e que saiu em 1961, apresentava um pequeno gaulês de bigode farfalhudo que tinha como grande amigo Obélix, personagem desajeitada e com uma força desmesurada, que carregava menires e adorava comer javalis.
Ambos são habitantes de uma invencível aldeia que resiste às investidas militares dos romanos, dirigidos por Júlio César, graças a uma secreta poção mágica inventada pelo druida Panoramix.
A sete meses do lançamento de “Astérix na Lusitânia”, a editora francesa publicou um curta entrevista com os autores, FabCaro (argumento) e Didider Conrad (desenho) que reproduzimos:

Fabcaro, porque é que escolheram levar os nossos irredutíveis gauleses à Lusitânia?
Antes de mais, claro, tínhamos de encontrar um destino onde os nossos amigos nunca tivessem estado antes. E, afinal, o campo de possibilidades está a diminuir gradualmente, e os nossos gauleses começam a viajar bastante!
E depois, queria um álbum luminoso e solarengo, num país mediterrânico, que fizesse lembrar um pouco as férias. A Lusitânia (que hoje corresponde a Portugal) veio-me logo à cabeça. Já lá tinha estado várias vezes em férias e adorei! As pessoas são muito simpáticas.
Como é que prepararam este álbum?
Tivemos a sorte de estar a lidar com um país que já existe, e não muito longe de onde vivemos, por isso não íamos perder a oportunidade de lá ir. Durante a preparação do álbum, o editor e eu viajámos para Portugal para nos imergirmos nos lugares, na atmosfera, nas especialidades locais, para tomar notas, para explorar, para tirar fotografias…
O que é que nos pode dizer sobre o enredo?
Bem, tudo o que posso dizer é que um antigo escravo lusitano que conhecemos em Le Domaine des dieux vem pedir ajuda aos nossos amigos…

Didier, já esteve em Portugal? O destino inspirou-o imediatamente?
Estive em Portugal há alguns anos e gostei muito do país. Também recebi uma excelente reportagem fotográfica de Fabrice Caro. Deu-me algumas indicações valiosas, que complementei com pesquisa online. Adoro desenhar álbuns de viagem. Gosto de reproduzir as paisagens pitorescas e de acrescentar elementos da cultura do país que estou a visitar, e isso não falta em Portugal!
Fale-nos da criação deste visual. Porque é que fez esta escolha?
A calçada portuguesa é uma verdadeira assinatura artística e cultural de Portugal. A editora e o Fabrice inundaram-me com fotografias de ruas e praças calcetadas. Pareceu-me óbvio prestar homenagem ao enorme trabalho dos artesãos que cortam e colocam cada uma destas pedras pretas e brancas à mão. Também demorei muito tempo a reproduzir as pedras uma a uma. Quanto ao motivo, escolhi um peixe que é emblemático do país: o famoso bacalhau.
com Lusa