Zurich e MSD, duas das empresas com presença no território português que receberam certificados de melhores empregadores das mãos do Top Employers Institute, marcaram presença na conferência “Top Employers 2025”, que decorreu no ISEG, em Lisboa, esta quarta-feira, com o apoio da Forbes Portugal e Jornal Económico, tendo partilhado no evento algumas das práticas que lhes permitiram alcançar esse estatuto, em ambos os casos pelo segundo ano consecutivo.
Nuno Oliveira, Chief People & Culture Officer da Zurich, diz que a seguradora vive um ciclo novo, “não apenas fruto da pandemia, mas porque entramos num novo ciclo de gestão que nos permitiu repensar a nossa visão e estratégia” em termos de recursos humanos.
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Segundo Nuno Oliveira, a premissa da companhia é “tratarmos as nossas pessoas como queremos que tratem os nossos melhores parceiros”, pois o nosso negócio dos seguros “é de e para pessoas”.
O diretor de recursos humanos da Zurich em Portugal explica que a empresa começou por mudar o próprio ambiente de trabalho: “É mais difícil mudar o mindset sem mudarmos em primeiro lugar o espaço físico de trabalho, que era mais distante e formal do que queríamos fomentar na nossa comunidade. Espaços de lazer e colaboração não estavam no topo das prioridades até então”.
Este novo paradigma que se procurou implementar levou a seguradora a assumir o projeto “LIZboa”, de adaptar o seu próprio local de trabalho “de acordo com o modelo de trabalho que queríamos; normalmente o que se vê fazer é o contrário”, comenta.
Nuno Oliveira afirma que o propósito da alteração foi criar um modelo de trabalho que todas as 570 pessoas da empresa associassem, tanto quanto possível, quando estão a trabalhar a partir das suas casas. Assim, através da requalificação das instalações, “transmitimos conforto e proximidade para fomentarmos um clima de muita colaboração porque concluímos que, anteriormente, as pessoas iam para o escritório ‘teclar’ numa base individual e não para colaborar”.
“A cultura de pedir feedback e dar feedback é cada vez mais essencial” e com um modelo de trabalho híbrido, a Zurich apostou na flexibilidade, dando “autonomia com responsabilidade” aos seus colaboradores, segundo Nuno Oliveira: “A pandemia mostrou-nos que não precisamos de ser geridos como crianças; a palavra confiança tem de ir para lá do seu próprio significado; não é preciso estarmos entre portas para fazer acontecer”.
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O “espaço tem de ser cada vez mais interativo, com suportes digitais para nos permitirem entrar em contacto e fazer reuniões à distância”: “O modelo híbrido é o mais flexível possível, desde que as equipas estejam alinhadas com os seus objetivos”. Por isso, “apostamos na flexibilidade, pois sentimos que se impuséssemos um número minino de dias obrigatórios no escritório significaria que não tínhamos feito bem o nosso trabalho”.
“Olhamos para o local de trabalho como centro de serviços” onde os colaboradores podem usufruir de planos de desenvolvimento pessoal individualizado, afirma Nuno Oliveira, da Zurich.
Ainda de acordo com o Chief People & Culture Officer da Zurich, as palavras “diversidade e inclusão começaram a ganhar forma”, pois “as pessoas são a prioridade e o foco. A nossa estratégia assenta em cinco pilares: compensações, benefícios, carreira, ambiente de trabalho e cultura”.
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Por sua vez, Filipa Figueira, HR Associated Director da farmacêutica MSD, pegou no exemplo de uma colaboradora, Matilde, para ilustrar a jornada de crescimento que tem vindo a fazer na organização, procurando fornecer pistas para a audiência acerca do que pode diferenciar um local de trabalho comum de um local “top employer”.
Filipa Figueira destacou a existência na MSD de um programa de acolhimento e de integração para os jovens talentos, com coaching e roadmap de 12 meses para os trainees. No seu entendimento, é um programa que “faz toda a diferença em fomentar um sentimento de pertença e no desenvolvimento de todo o potencial da empresa”.
“Fizemos a implementação do modelo híbrido com colocação de adendas nos contratos de trabalho a prever isso”, aponta Filipa Figueira que, assumindo-se adepta da semana de quatro dia, valoriza o facto de a sua empresa dar aos funcionários a 6ª feira à tarde, “o que coloca o foco no bem-estar das pessoas”.
A HR Associated Director da MSD salienta a existência de um programa de benefícios flexíveis para os colaboradores, possíveis de serem diferentes em cada ano, podendo contemplar, por exemplo, um programa de vacinação, incluindo para os animais de estimação da casa.
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Considerando ser importante haver nas organizações uma cultura de desenvolvimento pessoal para cada colaborador que potencie o seu próprio crescimento na empresa, Filipa Figueira diz que existem também na MSD programas de desenvolvimento de liderança, sobre como gerir equipas. “Potenciamos que cada um faça o push da sua carreira”, estimulando-se um ambiente de participação colaborativa em que as pessoas se sintam seguras para dar sugestões.
De acordo com esta responsável, “o apoio dado pelas empresas aos seus recursos, o investimento feito no bem-estar e na inclusão fazem a diferença e podem ter impacto transformador nas carreiras e na vida de cada pessoa”.
Da reconfiguração dos espaços de trabalho à implementação de modelos híbridos e programas de crescimento profissional, Zurich e MSD provam que o sucesso passa, acima de tudo, por colocar as pessoas no centro da estratégia.
No encerramento da conferência, José Veríssimo, vice-presidente do ISEG, desejou que os inputs trazidos por estas empresas melhores empregadoras se disseminem por mais organizações, pois “são as pessoas que fazem a diferença”. Nesse sentido, enfatizou que o que move o ISEG como escola de gestão é “preparar as pessoas para que seja boas gestoras, mas que sejam gestores com princípios”.
“Estamos alinhados com as boas práticas nesta matéria, de desenvolver o indivíduo com foco nas equipas e no trabalho conjunto, num desenvolvimento completo”, rematou José Veríssimo.